quarta-feira, 4 de abril de 2018

Atualizações

Finalmente o blog retorna ao ar e com ele algumas perguntas essenciais: "O que aconteceu?" e "veio para ficar?"

Existe um pré-julgamento, que particularmente considero maléfico, que se baseia em que qualquer afastamento de trabalhos ligados à sexualidade está ligado diretamente a problemas de ordem moral.
Apesar de reconhecer que isso é um caso comum, felizmente, esse pré-julgamento está equivocado.

Infelizmente, essa "torcida contra" é maior do que os apoiadores, mas mesmo assim, nem tudo nesse "universo" se baseia em questões de ordem moral.

Quando esse projeto começou, ele não tinha grandes pretensões e se espelhava em trabalhos já existentes e mais maduros (entre eles o Closet Full e o Bússola Masculina, que atualmente não existem mais, e os operantes Joel e Courage), porém tentando fugir do "mais do mesmo" e trazendo pra si uma perspectiva cristã católica (visto que a maioria dos trabalhos é protestante e nem sempre tem uma linha moral adequada), mas que não parasse apenas no catecismo, mas trouxesse aspectos da sexualidade em outras áreas da ciência.

É evidente que um trabalho com tal missão é bastante ousado, ainda mais em solo brasileiro onde os recursos disponíveis são escassos.

Mas assim seguimos, sim, "seguimos", o trabalho não é de um homem só, por mais que nem todos estejam em igual evidência, seria impossível tal trabalho contando apenas com dois braços.

Quando você se dispõe a ir além do habitual, você se sujeita a entrar em áreas de confronto e se depara com questões e aprendizados que às vezes requer tempo para ser solucionado.

Foi o avanço em algumas questões que ocasionaram uma pausa no trabalho e, agora, é exatamente esse avanço e a clareza dessas questões que nos trazem de volta à atividade.

Atualmente, em 2018, tenho aproximadamente quase 10 anos de experiência e vivência em lidar com a questão: fé, homossexualidade e mudança. Isso nem de longe faz de mim um PhD no assunto, mas me considero um observador e como tal um aprendiz.

Há aproximadamente 03 anos comecei a me questionar sobre a eficiência desse tipo de trabalho. Conversei com alguns colegas de trabalho tanto dentro como fora do país e encontrei dois grupos: Aqueles que estavam surpresos com o questionamento, pois nunca pensaram em fazê-lo e aqueles que estavam ansiosos pela resposta. Rsrs.

E isso passou a ser meu objeto de estudo por um tempo. Digo por um tempo,  pois questões pessoais me faziam oscilar na persistência rumo ao alvo.

Em determinado momento, eu descobri que eu não tinha essa resposta, mas tê-la era fundamental não só para a manutenção como para a existência do trabalho.

Foi o início da pausa.

Não foi fácil! De certo modo me sentia no dever da manutenção do serviço, pensava nas pessoas que necessitavam dele, mas, ao mesmo tempo, pensava que, se o serviço não fosse de fato eficaz, a pausa seria um favor e não um pesar.

Evidente que não caberiam aqui, de uma única vez, nesse espaço, todos os questionamentos decorrentes, assim como estudos, entrevistas e reflexões.

Meu desejo era ir além de uma auto avaliação, sendo assim me interessavam muitos outros casos de outros trabalhos. Pena que nem todos colegas foram tão gentis assim em abrir seus fracassos, isso foi empecilho inicial, mas contornado com o tempo.

Enquanto conseguia abrir os "segredos ocultos" de alguns colegas, tinha meus próprios casos de sucesso e fracasso a analisar. Sempre tendo em mente que se aprende muito mais com um fracasso do que com o sucesso.

Claro que em todo processo não existe responsabilidade unilateral, mas defendo que a maior parcela é sempre do condutor. Em um ambiente movido pela religiosidade é mais comum colocar a responsabilidade no divino e ter respostas como "Deus quis", "Faltou fé"... e tantos outros clichês.
Mas será que no fundo há uma resposta para a pergunta: "Esse tipo de trabalho de instrução e acompanhamento para atração indesejada pelo mesmo sexo é eficaz?"

Hoje, consigo encarar de frente esse questionamento com uma maturidade que não tinha anos atrás e é isso que trás o retorno de algumas atividades do blog.

O retorno não significa que eu considere a resposta totalmente positiva ou que eu abrace diversas linhas de trabalhos, incluso o meu, sem ressalvas.

Surpreendentemente eu diria, como opinião totalmente pessoal e particular, que esse tipo de trabalho tem uma taxa irrisória de eficácia. Mas que sua existência é fundamental.
Explico melhor.

Digo "taxa irrisória" visto que a taxa de pessoas que obtiveram êxito em seus anseios dependendo exclusivamente de trabalhos do gênero é mínima e quase insignificante se comparada com a taxa de fracasso. Falo isso com certa tristeza, mas com total segurança. Apesar de grupos em geral não assumirem isso abertamente, os mesmos não possuem números para provar o oposto.

Digo que a "existência é fundamental" visto que dentro da taxa de êxito duradouro (casos de sucesso que perduraram anos além do momento inicial de conversão, ao ponto de provarem não se tratar apenas de empolgação) a quantidade de pessoas que tiveram acesso a boas informações é expressiva.

Eu não acho que seja essencial, apesar de eu considerar importante, a existência da chuva de relatos de pessoas que passaram por isso e se intitulam "ex isso" ou "ex aquilo", visto que isso geralmente não leva credibilidade às pessoas, apenas transformam alguns em heróis. Não é esse tipo de informação que eu considero essencial.

Mas considero essencial as informações de auto conhecimento. Não conheci um caso de êxito duradouro que a pessoa não tivesse clareza em seu auto conhecimento. É a possibilidade de auto conhecer-seque faz desse tipo de trabalho essencial e ao mesmo tempo é a dependência do mesmo que o faz prejudicial.

É um aparente paradoxo que pretendo trazer mais vezes a esse espaço. Jamais com o intuito de crítica externa, antes disso, uma autocrítica e aperfeiçoamento.

O que nos trás à segunda pergunta: " Veio para ficar?"

Sinceramente, eu não sei e não posso dar garantias além de se tratar para mim também de uma jornada de conhecimento. Se haverão outras pausas, outras necessidades de reflexão, eu não sei. Só sei que não podemos parar de aprender.

- O blog deve passar a incluir postagens de caráter mais pessoal, mas sem deixar de lado as postagens de caráter religioso e científico, de acordo com a disponibilidade do tempo. 

Agradeço aos antigos leitores, aos que me acompanharam nesse processo de pausa e busca e desejo boas-vindas aos leitores novos.

Devido a esse processo de amadurecimento de algumas ideias, é possível que algumas postagens que não estejam de acordo com o pensamento atual saiam do ar gradativamente. Será feito uma nova avaliação de conteúdo. Mas queremos te ouvir sobre isso, nos escreva: conhecendoams@gmail.com

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